quinta-feira, 31 de maio de 2012

Síria volta a dividir Conselho de Segurança da ONU


Foram ouvidos peritos da ONU acerca do fusilamento de mais de 100 sírios na aldeia de Al Houla, perto de Homs. Também foi vinculada a informação que, no distrito de Deir ez-Zor, foram encontrados os corpos de 13 sírios executados com as mãos amarradas.

Os pormenores de sessão e as conclusões não foram divulgadas. Entretanto, sabe-se que uma série de países ocidentais difundiram a ideia de reforçar as sanções contra a Síria devido à escalada de violência que se vive naquele país, o que foi contestado pela Rússia. Anteriormente, já o MRE chinês tinha declarado que as sanções só iriam agravar a crise na Síria.

Depois da sessão reservada, a representante permanente dos EUA Susan Rice não excluiu a possibilidade de contornar o Conselho de Segurança da ONU no caso de insucesso do plano de paz de Kofi Annan, tendo declarado que atualmente trata-se do cenário mais provável. Essa declaração foi comentada por Andrei Volodin, representante da academia diplomática russa:
"Nesse contexto, gostaria de colocar uma questão a Susan Rice. Como iria essa intervenção refletir-se na campanha presidencial de 2012? Ao iniciar ações militares, a elite americana no poder neste momento iria correr grandes riscos. Segunda questão: uma intervenção militar iria quebrar o mosaico das relações existentes no Mediterrâneo oriental. Trata-se não só da Síria, mas também da Turquia e de outros países limítrofes ou próximos. Essa intervenção pode provocar uma onda de conflitos de média e de alta intensidade fora da capacidade de controle do Ocidente."

A melhor forma de evitar cenários catastróficos é tentar cumprir o plano de Kofi Annan, declarou o representante permanente da Rússia na ONU Vitali Churkin, ao comentar depois da sessão a posição dos parceiros ocidentais que admitiram um cenário militar para a resolução do conflito sírio. Entretanto, o diplomata russo considerou como inadmissível a tendência que se vislumbra nos acontecimentos sírios. Esta, segundo afirmou, não trará nada de bom – nem para o governo, nem para a oposição, nem para o povo sírio. Vitali Churkin apelou à tomada de mais avanços corajosos para inverter essa tendência negativa. Essa declaração de Moscou foi comentada pelo analista do Instituto de Estudos Orientais da ACR Vladimir Isaev:

"O apelo a medidas corajosas destina-se , na minha opinião, à oposição. Esta deverá pensar quais são os seus objetivos. Isso porque em todas as entrevistas de representantes da oposição só se ouve uma coisa: Assad deve ir-se embora. Falei muitas vezes com eles e perguntei: muito bem, e depois? Há algum plano? Não há nenhum plano. Digam quais são as personalidades que podem emergir. Também não há resposta. Por isso, essas palavras acerca de avanços corajosos e racionais destinam-se, provavelmente, à oposição síria. Esta deve arranjar coragem, sentar-se à mesa das negociações e resolver normalmente o problema sem o recurso a qualquer tipo de armas."

O representante permanente da Síria na ONU Bashar Jafari declarou que as forças exteriores à Síria pressionam a oposição para que esta se recuse a dialogar com Damasco, apelando à comunidade internacional para que esta ajude a Síria a resolver a crise em vez de contribuir para a sua escalada.

Entretanto, os revoltosos sírios apresentaram um ultimato ao presidente Bashar Assad, dando-lhe 48 horas para a execução do plano de paz de Kofi Annan. O ultimato expira ao meio-dia de sexta-feira. Depois disso, o Exército Sírio Livre, braço armado da oposição, considera-se livre das obrigações que decorrerem do plano do representante especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria

Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2012_05_31/siria-conselho-da-seguranca-situacao/

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