Resumo: Como o Espírito
Santo atuava na Igreja primitiva, como os crentes não se deixavam conduzir
pelas suas mentes carnais.
Atos 16
“E percorrendo a região
frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na
Ásia.”
Esta expressão, para
muitos dos chamados cristãos modernos, é incompreensível. Mas nos primeiros
tempos do cristianismo, o Espírito Santo tinha sempre a iniciativa e se os
crentes com sua melhor intenção traçavam planos, que não era o que o Espírito
queria, esses planos se voltavam à direção que o Espírito assinalava.
Isto podemos ver na atitude
de Paulo e Barnabé. Ambos queriam voltar a visitar juntos os irmãos em todas as
cidades que haviam anunciado a Palavra de Deus. O ponto de discórdia neste caso
foi Marcos, ao qual Paulo não queria levar como companheiro. Esse foi o motivo
pelo qual tomaram caminhos diferentes. Barnabé e Marcos para Chipre, Paulo e
Silas para Galácia. Paulo quis levar também ao jovem Timóteo animado pelo
testemunho que dele davam os irmãos de Listra e Icônio.
O Espírito entre uma e
outra circunstância ia preparando o grupo de pessoas que desejava levar adiante
da Ásia, ainda que isso, em princípio, não estava nos planos de Paulo. Este
tentou levar a Palavra a Ásia, mas “O Espírito não lhe permitiu”.
É muito importante
aprender a não julgar as circunstâncias, mas a ler o que o Espírito nos quer
dizer com o que nos acontece a cada momento. Talvez todos diríamos que o
Espírito Santo nunca proíbe falar a Palavra de Deus. Isto nos leva a uma clara
conclusão: nunca devemos nos guiar por nossos próprios princípios, ainda que eles
nos pareçam os mais bíblicos, porque isso pode nos levar a desobedecer o
Espírito. Se Paulo e Silas se guiassem por sua própria lógica falariam a
Palavra na Ásia, mas não contariam com o poder do Espírito, do que Paulo sempre
se gloria: “Nem minha palavra nem minha pregação foi sabedoria com palavras
persuasivas de sabedoria humana, mas com demonstração do Espírito de poder”. (1
Co 2:4)
É significativo que a
estas palavras as escreveu a uma das igrejas da Europa as que o Espírito o
enviou depois de proibir-lhe falar a Palavra na Ásia.
Hoje, talvez, nós, os
cristãos modernos, tenhamos tudo tão bem programado que nossos planos e
projetos nunca sofrem nenhuma alteração, e isso atribuímos a nossa capacidade
de planejamento e previsão. Mas perdemos
a melhor qualidade da igreja primitiva: ouvir o Espírito e deixar a Ele a
iniciativa. O Espírito é o único que nos pode levar a Verdade plena, tanto no
viver como no atuar.
“...O Senhor lhe abriu o
coração para atender às cousas que Paulo dizia.”
Convencidos Paulo e seus
companheiros do que o Espírito lhes mandava, ainda isso nada tinha a ver com
seus próprios planos, partem rumo a província da Macedônia, detendo-se uns dias
na cidade de Filipos. Um dia de repouso buscam no lugar de reunião dos judeus
prosélitos, que saiam fazer a oração junto a um rio. Ali falam às mulheres que
se haviam reunido. Uma delas, Lídia, acolhe com alegria a mensagem da salvação,
batizando-se ela e sua família.
Essa mulher renascida
oferece sua casa como lugar de residência aos mensageiros do Senhor. O Mesmo
Senhor havia aberto o coração desta mulher ao poder do Evangelho e agora põe em
seu coração essa hospitalidade para
preparar um lugar de repouso aos Seus. De tal maneira havia compreendido esta
mulher a obra do Senhor em seu coração, que os próprios discípulos dizem:
“Obrigou-nos a ficar” (em sua casa) (v.15).
Quando Paulo algum tempo
depois escreve a igreja de Filipos com estas palavras: “A todos os santos em Cristo Jesus que
estão em Filipos, com os bispos e diáconos...”, vemos já uma igreja formada e
organizada. E Paulo está totalmente persuadido da obra do Senhor, ao dizer: ”O
que começou em vós a boa obra, a aperfeiçoará até o Dia de Cristo Jesus. (Fp
1:6). “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo
a sua boa vontade”. (Fp 2:13).
“...Em nome de Jesus
Cristo, eu te mando: retira-te dela. E na mesma hora, saiu.”
Esta passagem como Paulo e
seus companheiros ocupavam seu tempo: “aconteceu que enquanto íamos orar, saiu
nos ao encontro uma jovem possessa de espírito adivinhador...” (v.16). Eles
ocupavam seu tempo em oração e na propagação do Evangelho.
Mas também tinham um
competidor que dizia: “Estes homens são servos do Deus altíssimo, e vos
anunciam o caminho da salvação. (v.17)”.
Um pregador assim não
seria de desprezar, segundo nossa própria opinião, e isso é muito comum hoje em dia. Mas os apóstolos do
Senhor não admitem confusões, luz é luz e trevas é trevas. Essa também foi a
postura do Senhor ante os espíritos das trevas. Os demônios não querem servir o
Senhor muito menos anunciar o caminho da salvação, se o fazem é para confusão e
nunca para salvação. Paulo incomodado com a atitude que possuía a jovem, lhe
ordena que em Nome de Jesus Cristo que saía dela, e assim foi.
Mas isto trouxe
conseqüências desagradáveis a Paulo e Silas, já que foram acusados de
perturbadores. Esta é a grande contradição deste mundo, aos que anunciam a paz
lhes chamam de perturbadores e aos espíritos perturbadores de benfeitores. Os
lucros aos donos da jovem advindos da adivinhação, cessaram quando ela foi
libertada da escravidão do diabo.
O preço que Paulo e Silas
tiveram que pagar foi “serem muito açoitados com varas” e a prisão (v.23). O
carcereiro os colocou no cárcere interior e lhes prendeu os pés e o tronco.
Mas este sofrimento e
prisão não eram motivos de desalento para Paulo e Silas. Paulo disse em uma
carta a esta igreja estas palavras: “Porque vos foi concedida a graça de
padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele,” (Fp 1:29).
Tenho a sensação de que
hoje essa atitude em parte se perdeu diante dos sofrimentos e penas que nos são
concedidas a causa de Cristo. Onde está esse gozo nas provas de que nos fala o
apóstolo Tiago? “... tende por motivo de toda alegria o passardes por várias
provações” (Tg 1:2). Ou a atitude de
Pedro e João quando foram açoitados, e “saíram da presença do concílio,
regozijando por haver sido dignos de padecer afrontas por causa do Nome” (At
5:41).
Para estes homens não era
uma indignidade todos esses açoites e cárceres, mas era um motivo de gozo o ser
dignos de padecer pelo Nome de Cristo.
Assim nos explicaremos,
porque Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus na prisão?
“...Crê no Senhor Jesus e
serás salvo, tu e tua casa.” (v.31)
O Senhor demonstra com Seu
poder que Seus discípulos estão no cárcere, não por serem indignos mas porque
Ele os tem por dignos. Eles estavam naquele cárcere porque o Senhor lhes
permitia, já que hoje não há correntes ou portas que possam resistir Seu poder.
Os alicerces da prisão sacudiram; abriram-se todas as portas e as correntes de
todos se soltaram.” (v.26)
Nada nem ninguém podem
prender os discípulos de Jesus se Ele não permitir. E isso acontece não é para
causar dano aos Seus mas para salvar os que hão de ser Seus.
Todos aqueles presos que
estavam na prisão desejavam que suas correntes fossem rompidas e as portas
abertas, para fugir; e essa era a opinião do carcereiro quando viu as portas
abertas; o que menos se imaginava é que os presos ainda continuassem na prisão,
tal era sua convicção que ia se matar com sua espada. Mas o Senhor não tinha
Seus enviados para que esse homem pusesse um fim a seus dias mas para dar-lhe
vida eterna.
Os caminhos do Senhor com
cada homem são insondáveis e incompreensível para a mente humana. Sempre Seu
amor e misericórdia superam toda nossa realidade diária.
A única resposta é
prostrar-nos diante Dele, como o carcereiro em espanto se prostrou diante de
Paulo e Silas, e lhe perguntar: Senhor que devo fazer para ser salvo? “Crê no
Senhor Jesus Cristo!”
Às vezes pretendemos
buscar doces e circunstanciais mensagens para cada pessoa, mas só há uma
mensagem clara e direta para todo homem ou mulher: “Crê no Senhor Jesus Cristo,
e serás salvo, tu e tua casa”. E este homem com toda sua casa escutou a Palavra
de Deus. E naquela hora da noite se batizou ele e todos os seus. Essa mensagem
havia produzido seus frutos no coração daquele homem acostumado a não respeitar
nem sua própria vida. Agora como um doce fruto do Espírito, ele lava as feridas
de Paulo e Silas, e “levando-os para sua casa, lhes pôs a mesa, e se regozijou
com toda sua casa de crido em Deus”. (v.33 e 34)
Que mudança maravilhosa
fez a graça de Deus no coração deste homem. Tira-lhe da profunda angústia de
morte, para regozijar-se com toda sua casa de ter crido em Deus.
Traduzido de texto
publicado por Francisco Rodríguez na revista “En La Calle Recta”
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